Vejo como prostituem o carácter,
Como o vendem sem escrúpulos,
Sem remorso ou talvez piedade,
Esgueiro-me deste surto de decência,
Que ofusca o vulto desta cidade,
Que se passeia no vagar da paciência,
Fazendo do que escrevo arte,
Mas tiro-me desta sina
E faço-me capitão deste embarque.
Salvo-me uma e outra vez,
Afasto-me desta rota da embriaguez,
Aquela que ainda me leva a algum lado,
Um lado amargo…ora amargo, ora doce,
Numa penumbra de sorte;
Num travo forte;
Numa sombra ténue e nefasta
Que me arrasta e que me afasta
Das minhas ideias em desarrumo,
Parto para um trilho mais seguro,
Onde esta prostituição,
Está longe deste rumo.
NO TEMPO FLUENTE
Palavras que recortam o olhar e o vendaval,
Incorporam palpitações, respostas acutilantes
Na cidade das emoções, contornando…
Por um embarque largo, ocasional
E ficas na referência do tempo, incerto.
São tantas as vezes da revolta e da embriaguez
Da palpitação que rasga e consume as ideias…
Esta forma de olhar o mundo e as coisas
Este estar que se dissipa por outros estares
Modulação de estupidez, influenciada…
Terra dos prometidos, deserta, sem nome
E vou, volto a ir porque o meu mundo é outro
Pouco me importando da prostituição das mentes
Das formas e dos rumores… sou e continuo a ser
Entre as mulheres que me acolhem a luz
Na sorte de uma alegria multifacetada
Mas é a minha e digo-te obrigado porque existes.
Jorge Ferro Rosa
PS. Inspirado no teu poema. Gostei bastante do que escreveste, Rodrigo Paredes.